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Foto do escritorJonas Silva

Cachoeiras de Faxinal, Paraná

Atualizado: 28 de dez. de 2021

O ano era 2019 e resolvemos tirar da gaveta esse rolê que há muito fazia parte dos nossos planos. Faxinal é um município próximo de onde residimos atualmente, Campo Mourão, por isso acabávamos escolhendo locais mais distantes e deixando nossos vizinhos adormecidos.

Hoje, 2021, mudamos bastante, inclusive o projeto Fora da Tribo é feito muito entorno dos locais mais próximos, menos divulgados e bastante acessíveis ao turista comum de fim de semana.


Dia Primeiro - Cachoeira da Fonte, Chicão III e Cachoeira Três Barras

Saímos de casa às 05:30, e depois de percorrer 130 km chegamos no município hospitaleiro. Nossa primeira parada foi o Sítio Santo Antônio onde aproveitamos para tomar o café colonial que é um dos pontos altos de qualquer roteiro por Faxinal.

O café é servido pelos proprietários do sítio que preparam os produtos com alimentos da propriedade. O cardápio contemplou pão caseiro, doce de leite, goiabada, queijo, geléia de morango e café, chá ou suco.

Deixamos o carro na casa do sítio e fomos caminhando o quilômetro final, uma pequena estradinha de terra que termina na entrada da mata. Dentro da vegetação são 400 m bem sinalizados que levam até a base da queda de 54 m. Com desvio à direita e mais 250 m chegamos no topo da queda, o visual mais bonito do local.

Janela do céu, vista do topo da Cachoeira da Fonte

Depois de curtir o local retornamos a propriedade caminhando por dentro do rio até sair da mata. No caminho encontramos outra pessoas indo para a queda, inclusive crianças, o que é bem legal pois a paixão pela natureza precisa ser cultivada desde pequenos,

De volta no sítio fomos conhecer as estufas de morangos. O proprietário nos contou com paixão sobre a cultura e a importância que têm na renda da família, entendemos também que o turismo é ferramenta relevante na sustentabilidade propriedade. Aproveitamos para colher alguns morangos, no modelo pegue e pague.

Antes de partir relaxamos nas redes da varanda enquanto conversávamos com a proprietária e outro casal que havia dormido acampado ali.

Do Sítio Santo Antônio fomos para outro sítio na Serra do Arreio, procurar pela Cachoeira Chicão III. Tivemos trabalho para conseguir contato com o proprietário uma vez que a cachoeira está num sítio privado e não possui livre acesso, exceto por dentro do cânion, que é uma trilha muito dura.

Com autorização entramos na trilha para a cachoeira, contudo paramos logo que chegamos na mata. Apesar da estradinha seguir pela mata, preferimos não forçar o carro baixo no qual estávamos. Sem saber se a pastagem pertencia ou não ao dono do sítio, deixamos um bilhete no para-brisas falando que estávamos na cachoeira, , vai que aparecesse o dono e chamasse a polícia.

Uns 600 m abaixo encontramos uma casa em construção, uma palhoça com um senhor abastecendo o bebedouro dos beija-flores, logo descobriremos que era o Sr. Paulo, proprietário. Ele contou-nos que está construindo uma pousada e em breve abrirá o Cânion à visitação, conversamos bastante, o simpático senhor nos contou várias histórias do local inclusive seu planos para a propriedade.

Quando descemos para ver o Cânion Cruzeiro do beiral, meu deus! um paredão de rochas cortadas 90º de uns 300 m de altura, é possível ver lá embaixo a cachoeira tímida diante da imensidão dos seus vizinhos: Cânion Cruzeiro e Serra do Arreio no lado oposto.

Com orientação do Sr. Paulo pegamos a trilha pela direita e descemos, apesar de não ser tão longa a trilha é muito pesada devido a declividade, desce os 300 m em uns 700 m de trilha.

Banco/mirante de frente para Chicão III

Após uns 400 m chegamos na parte de cima da cachoeira. A queda impressiona, mas o Cânion e o rio chamam toda a atenção, é indescritível a sensação de estar imerso na natureza, cercado de verde e água.

Descemos mais um pouco e chegamos à frente da queda, numa coluna de pedra que serve como um banco para sentar e admirar nossa pequenez diante da mãe Terra.

Depois de um fôlego merecido partimos para a trilha dentro do Cruzeiro, rio acima subimos por 30 minutos serpenteando com a água, e saímos em uma pequena queda onde fizemos mais uma pausa antes de tomar a trilha para sair daquele buraco.

Sair não foi fácil, já estávamos cansados e precisamos subir toda a ladeira e mais os 600 m até o carro, enfim saímos, e depois de beber uma água da bica que o Sr. Paulo nos ofereceu e agradecer pela oportunidade de conhecer uma paisagem tão singular, seguimos para o carro. Afinal ainda iríamos acampar em outra propriedade a uns 17 km dali.

Já eram 19 h quando chegamos no Balneário Raio de Sol, fomos recebidos pelos proprietários que nos indicaram a área do camping e mostraram sua propriedade.

Rapidinho montamos a barraca e fomos para a Cachoeira Três Barras que fica nos fundos da propriedade. A Três Barras é uma sequência de pequenos saltos das águas mais limpas da região apenas terceira queda é maior tendo uns 5 m de altura.

Relaxando nas cascatas do Balneário Raio de Sol

A parte que mais gostamos foi poder sentar debaixo das quedas e ficar ali curtindo a massagem natural feita pelas águas. O relaxamento fez esquecer-nos da canseira que tinha sido o dia. Nessa brincadeira ficamos na água até anoitecer. Para mim foi o banho do dia, apenas troquei a roupa e seque o corpo, a Bruna quis tomar uma chuveirada ainda na estrutura do camping.

Como estava escuro usamos a cozinha do camping para preparar o café (pão, salame, café/chá e queijo do Sítio Santo Antônio). Voltamos para a barraca, ouvir uma boa música antes de cair no sono. No salão do Raio de Sol, os outros hóspedes, que passaram a tarde nas piscinas artificiais, agora faziam algazarram e bebiam no bar. Não fosse termos montado o acampamento longe da sede e na parte baixa, certamente seríamos incomodados pela festança.


Dia Segundo - Rapel, Cachoeira Chicão I e II, Cachoeira da Pedreira e Salto São Pedro (Luar de Agosto)

No dia seguinte acordamos antes de amanhecer, preparamos nosso desjejum, e levantamos acampamento as 7:30. Nosso primeiro destino foi a Cachoeira Chicão II. A cachoeira é de fácil acesso e pública, no entanto, nós faríamos um rapel na cachoeira, então contratamos um guia na cidade.

Nos encontramos em frente a secretaria do turismo da cidade. Além de nós, um casal mais velho, na casa dos 50 anos. Embarcados em um L200 amarela, ele de cabelos grisalhos, roupa de fazenda e postura ereta, o típico senhor que se aposentou e saiu para a vida. A senhora, de cabelos levemente acinzentados demonstrando uma coloração artificial, com roupa de academia e chapéu. Carregavam ainda uma mochila de trekking.

Ao longo do período que passamos juntos soubemos um pouco mais da história dos dois. Realmente eram aposentados que estavam aproveitando a vida, no entanto, dependiam muito de guias e agências. Nos contaram que estavam a meses indo de cidade em cidade do Paraná e não pretendiam parar cedo.

O guia nos levou até a ponte sobre o rio das três cachoeiras chicão, o mesmo que forma o Cânion Cruzeiro. Para chegar ao Chicão II, passamos primeiro na Chicão I. Essa queda é a mais charmosa, no estilo cataratas com dois saltos em sequência. As pequenas quedas formam véus leitosos que em contraste com as pedras escuras assumem um aspecto peculiar.

Cachoeira Chicão I

O guia estava com pressa, então deixamos para parar mais tempo no retorno e depois de caminhar mais 500 m chegamos no topo da Chicão II. O guia montou a ancoragem e já nos orientou a descer. Descemos, eu depois a Bruna. Como a subida de retorno é bastante íngreme e exigente, quando chegamos lá em cima o guia já estava indo embora. Bem antipático, disse que eu podia pagar depois na cidade, paguei-o no ato e não fui atrás dele.

Outro grupo já estava começando a descer de rapel também, eram bombeiros voluntários em treinamento. Gentilmente ofereceram para participarmos gratuitamente, sem dúvida que aceitamos. Acabamos fazendo mais duas descidas cada um. Ficamos horas conversando na prainha que se forma na parte de baixo da queda. O bombeiro nos contou várias histórias da cachoeira, muitas incluem acidentes. O refluxo e a areia no fundo, junto com as grandes rochas formam o poço de banho bastante traiçoeiro, e as pedras lisas na parte de cima fazem o papel de assassinas aos desavisados.

Depois de aproveitar bastante a cachoeira retornamos para a estrada que fica a poucos metros da Chicão I, pegamos nossas frutas, tomates, pão, alface, ovos e café/suco e voltamos almoçar de frente para a primeira cachoeira.

A tarde nossa intenção era encontrar a Cachoeira Véu de Noiva, mas, depois de muito procurar ninguém parecia conhecer a cachoeira. Até um picolé comprei de um vendedor (carrinho) pensando que ele se compadecia e me orientaria de como chegar na queda, no final ele não sabia de nada.

Cachoeira da Pedreira

Mudamos os planos e fomo à Cachoeira da Pedreira, que fica na cidade. Encontramos a estradinha que leva até ela. Depois de parar o carro na estrada encontramo-la muito esbelta em meio ao capim verde do entorno. Depois de contornar pelo rio descendo para o leito no meio da mata, chegamos a pé da queda. Incrivelmente suas águas são cristalinas e formam uma piscina perfeita. Contudo não tivemos coragem de entrar, além do frio haviam muitas garrafas jogadas no entorno e se machucar não estava nos nossos planos.

Era cedo ainda quando saímos da pedreira, então fomos conhecer o Sítio/Hotel Luar de Agosto onde fica o Salto São Pedro, que eu desconfio receber as águas desse mesmo rio que forma a cachoeira que estamos saindo.

O Hotel Fazenda é bem estruturado, compete de igual com os grandes hotéis do ramo. Recebemos na entrada um folder (mapa) demonstrativo da propriedade. Como não tínhamos tanto tempo para explorar toda a estrutura, escolhemos fazer a Trilha da Serra, a mais longa, que levaria até o salto. Acabamos se perdendo no trecho que entra na mata passando pela serra.

Deixamos o mapa de lado e seguimos o faro mesmo. Então encontramos de novo a trilha certa quando achamos o Mirante da Serra de onde podemos avistar a estrutura do hotel e o salto muito distante à esquerda do hotel.

Já no final da serra fica um mirante construído sobre uma figueira, que dá vistas para o Salto São Pedro ao longe. Depois chegamos ao Rio São Pedro, seguindo o então, até o Salto.

De tirar o fôlego, com 125 m caindo sobre pedras gigantescas, o Salto São Pedro é avistável de longe, bem antes de chegar na base. Para completar o cenário uma ponte de madeira toda coberta de musgo corta o rio em frente à queda.

Salto São Pedro

O retorno para o carro, 1800 m de caminhada, foi cansativo depois de tanta coisa realizada nos dois dias. Mas voltando o olhar para o salto a cada curva seguimos firme nos passos. Passamos pela paisagem rural pitoresca da estrada do hotel com seus chalés de hospedagem, seguidamente éramos premiados com a poeira levantada pelos carros que tinham ido até os 500 m finais que antecedem o salto.

Saímos da fazenda com a noite caindo, já imaginando retornar para aproveitar melhor as trilhas do hotel e procurar a Cachoeira Véu de Noiva dentre outras várias que ficamos sabendo que existem na região.

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