Viajar faz parte da nossa vivência e do estilo Fora da Tribo, entretanto, a viagem de bike é algo recente. Sempre desejamos viajar por longo período, um ano, dois anos, talvez cinco anos, mas nunca havíamos pensado que seria dessa forma.
Quando a cicloviagem entrou em nosso radar, logo planejamos algo mais curto que pudesse ser realizado em poucos dias para entender, principalmente, a dinâmica da bike carregada. Já estamos acostumados acampar, fazer trekking, pedalar, mas com a bicicleta sem peso. Resolvemos fazer um trajeto de três dias próximo a Ponta Grossa, no Paraná, onde residíamos naquele momento.
A preparação para a cicloviagem
Sem dúvida foi um desafio planejar cada período do dia, pensar em locais possíveis para dormir, para coletar água. Sim, coletar água. Na cicloviagem não levamos todo o volume de água para o dia, carregamos apenas o necessário até o próximo ponto de coleta. Sempre buscamos reduzir o peso ao máximo. Para complicar, as longas horas de pedal e o sol inclemente fazem o consumo de água aumentar muito.
Com Maps aberto e anotações de outros apps a rota foi sendo traçada, sairíamos de Ponta Grossa pela rodovia e depois por uma estrada rural seguiríamos até outra rodovia para rodar mais um pouco e então novamente cruzar para a Rodovia do Café e retornar a casa.
Já havíamos comprado alforges e bagageiros, apenas precisamos adaptar algumas bolsas e amarrar coisas do lado de fora dos alforges. O equipamento de camping e as roupas eram as mesmas de tantas trilhas anteriores.
Controlar a ansiedade não foi tão difícil, afinal era uma saída de três dias e se algo desse errado não estávamos tão longe. Foi só esperar o dia chegar.
A cicloviagem em três dias
Eram 06:00 da manhã do derradeiro dia da Independência de 2023, já estávamos acordados e com a tralha pronta do dia anterior.
Como lemos nos livros de cicloviagem parece ser a sina dos cicloviajantes atrasar a saída, e com a gente não poderia ser diferente. Para colocar as coisas na bike e dar aquele confere final gastamos duas horas e só saímos depois das 08:00.
Pedalar pela cidade, nos trechos retos e subidas não foi difícil, talvez o descompromisso com o horário e a expectativa de ter o local para acampar no primeiro dia "meio" certo fez com que relaxássemos curtindo ao máximo a viagem. Fizemos apenas uma longa parada para almoço em um posto de combustível a 35 km da largada e duas outras pequenas paradas para lanche e tomar fôlego.
No final do dia, depois de 8 km de estradão acampamos ao lado de uma cachoeira incrível, e dormimos embalados pelo som do rio caudaloso nas rochas.
O segundo dia foi mais desafiador, novamente saímos às 08:00 e logo na largada enfrentamos 12 km de subida. Tudo correu muito bem durante a manhã, depois da estrada de terra saímos na BR 277, a mais movimentada do estado mas, que conta com acostamento em praticamente todo o trecho. Fizemos uma pausa em uma cachoeira que encontramos por acaso ao vasculhar o Maps.ME.
Eram 13:00 e já estávamos no Recanto dos Papagaios, um local muito agradável e que esperávamos acampar. Almoçamos em uma das cabanas do parque, contudo a ideia de acampar foi abandonada quando a proprietária do camping tentou tirar vantagem de dois cicloviajantes que "estariam" dispostos a pagar o valor que ela pedisse.
Mudamos os planos e pedalamos mais 20 km até a Colônia Witmarsum. Esses 20 km não foram sofridos mas tiveram aquela sensação de esforço que imaginávamos ter durante toda a viagem. Chegamos ao camping já eram 18:00. Montamos a barraca e depois de conhecer a propriedade tivemos uma boa noite de sono.
O terceiro dia era para ter começado cedo, acordamos às 06:00 mas só saímos da tenda às 07:00. Durante o café da manhã tivemos a primeira conexão que as bikes proporcionaram, um casal de kombi que também passara a noite no camping.
Só voltamos a pedalar às 10:30 depois de muito papo com os novos amigos. Passamos na Colônia Witmarsum novamente para visitar o museu e a feira colonial. Foi o dia mais longo da cicloviagem.
Eram quase 19:00 quando chegamos em casa depois de rodar cerca de 65 km com três pausas para alimentação e descanso e muita luta contra o vento que insistia em dificultar o pedal até mesmo nas descidas.
Aprendizados da primeira cicloviagem
Se preparar a cicloviagem foi um desafio, a chegada de volta deixou aquele sentimento de ter acabado muito cedo. A cabeça já ia planejando a próxima viagem de bike.
Nessa cicloviagem pelo Witmarsum percebemos que as preocupações com locais para acampar e onde reabastecer a água no fim não são preocupações e que se resolvem naturalmente ao longo do dia. Mesmo situações que temos como resolvidas e no final precisamos alterar, como foi o acampamento no segundo dia, são simples de resolver quando percebemos a dificuldade tendo algumas horas ainda do dia para contornar.
O peso da bike é realmente diferente e o comportamento dela mais ainda. Entretanto com cautela e paciência nos adaptamos. A maior dificuldade não são as subidas, e sim o vento contra que, mesmo fraco acaba estressando por exigir um esforço constante.
O nosso equipamento serviu muito bem. Descobrimos muitas coisas que viajaram em vão. Somente para o transporte adaptado do saco de dormir no guidão que apelamos a um pedaço de vergalhão juntado na rodovia mesmo, no mais foi apenas acostumar com os encaixes dos alforges e a organização dentro deles.
A próxima cicloviagem já estava encaminhada, ficaríamos dez dias na estrada para entender a dinâmica de dias seguidos sobre a bike e otimização do equipamento.
Toda a cicloviagem foi filmada em formato de vlog e pode ser assistida no nosso canal do YouTube.
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